segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Experiência de internação e outras questões

Até aquele agosto de 2016, eu nunca havia sido internado.Eu ja tinha feito algumas pequenas cirurgias, sim, mas nada que exigisse uma permanência prolongada no hospital.E o mais interessante é que eu tinha muito medo de uma dor no abdomen significar apendicite e eu ter que fazer uma cirurgia as pressas.Só que foi ainda pior.Eu tive na verdade, diverticulite e tive uma cirurgia bem mais longa e complicada.Os primeiros momentos foram os piores.Quase fui para UTI e sentia dores horriveis.Com o tempo, comecei a perceber uma incômoda rotina, de tomar remédios pela veia; para isso, eu era picado varias vezes ao dia e não podia dormir direito, porque no meio da madrugada, a enfermeira aparecia para aplicar a dose do antibiótico.No inicio, sem quase conseguir ficar até de pé, tive que me sujeitar a darem banho em mim.Um pouco depois disso, meus acompanhantes nao podiam ficar o tempo todo e eu ficava meio que apavorado, cada vez que precisava ficar mais de meia hora sozinho.Depois de um tempo, comecei a ver televisão e andar um pouco.Também passei a gradativamente comer alimentos liquidos, pastosos e finalmente sólidos.Bem no começo, havia uma sensação de negação e eu ficava em absoluto pânico.Eu tinha muita vontade de sair de lá.Passado 1 semana, finalmente recebi alta.Porém eu tive dores tão fortes, que eu tive que ser internado de novo.Não foi preciso nova cirurgia, pelo menos.Mas os deslocamentos da maca para fazer os exames de imagem eram um tanto traumáticos.Descobri que ao contrário do que muita gente pensa, para estabilizar os indices do corpo, precisa ter muita força de vontade, não ocorre espontaneamente.Em outras palavras, para você ter a alta definitiva e voltar a ter um certo grau de independência, você precisa querer sair do hospital e controlar seu emocional.Recebi uma recomendação de dieta, evitando frituras e molhos cremosos. O resultado final é que passei por uma experiência muito dificil da minha vida, que fora minha familia, recebi o apoio de poucas pessoas e sempre que eu precisava fazer um exame no hospital, eu sentia pavor de ser internado de novo. Ainda dentro desse assunto, o mais dificil do Asperger é controlar os surtos de agressividade ou desespero ou em inglês "meltdowns", que são involuntários e que são basicamente uma sobrecarga do cérebro.O que é problemático é que para me estabilizar de fato, eu preciso de uma âncora e depois que eu mudei para essa cidade, eu não tenho mais nenhuma âncora, principalmente longe da minha familia.Para mim, é extremamente dificil achar novos amigos/amigas e mais ainda outros relacionamentos.Eu posso dizer que hoje uma das minhas maiores fontes de stress é a rejeição.A grande verdade é que as pessoas preferem continuar fingindo que Asperger não é autismo e que as pessoas só estão desse jeito porque elas querem e com um pouco de força de vontade, podem parecer "normais", isto é, que não incomode os outros.